domingo, 15 de agosto de 2010

Assunção : Glorificação de Nossa Senhora


No domingo, dia 15, a Igreja celebra a solenidade da Assunção de Nossa Senhora. É uma verdade de fé proclamando que Maria, terminada sua existência terrena, foi elevada ao céu em corpo e alma. É a festa da glorificação daquela que se fez serva do Altíssimo e que foi por Ele agraciada.

Mulher realizada, plena da graça divina, colaboradora na obra da redenção, Maria tomou parte ativa e intensiva na vida de Jesus, participando na obra da libertação. Como tal, ela atingiu a plenitude humana na salvação. Terminada sua existência terrena, ela foi assunta à glória celestial em corpo e alma, antecipando o que há de acontecer a todos os justos.

Como nos ensina o Papa Paulo VI, no documento “Marialis culto” (n. 7), a assunção de Maria “é a festa do seu destino de plenitude e de bem-aventurança; é a festa da glorificação da sua alma imaculada e do seu corpo virginal; é a festa da sua perfeita configuração com Cristo ressuscitado.” E o saudoso papa afirma:

A solenidade da Assunção proclama a glória daquela que é “modelo de vida cristã, pois toda a sua existência é uma plena comunhão com o Filho, uma entrega total a Deus em todos os seus caminhos, numa união única que culmina na glória.” (Documento 26 da CNBB, n. 233)

A assunção é a digna glorificação da Mãe de Deus. É imagem e modelo da criatura plenamente salva, liberta, realizada. “A assunção manifesta o destino do corpo santificado pela graça, a criação material participando do corpo ressuscitado de Cristo, e a integridade humana, corpo e alma, reinando após a peregrinação da história”. (idem, n. 235)

Proclamação do dogma

O dogma da Assunção foi proclamado no Ano Santo de 1.950, pelo Papa Pio XII, no dia 1o. de novembro, através da Constituição Apostólica “Munificentissimus Deus”. No n. 44 desse documento pontifício, está a definição solene dessa verdade de fé: "Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos São Pedro e São Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial."

Primeira redimida e glorificada

A festa da Assunção tem uma característica nota de alegria e exultação. Pio XII, ao proclamar o dogma, fez ver que a assunção corpórea de Maria está ligada estreitamente com a sua divina maternidade virginal e com a sua isenção do pecado. O corpo de Maria, que estivera tão intimamente unido ao de Cristo, recebe um destino semelhante ao corpo de Cristo: fica isento da corrupção após a morte e é glorificado por Deus.

Maria nos dá a certeza de que podemos confiar plenamente em Deus, que suas promessas não vão falhar. Ela é a primeira redimida e glorificada. Podemos ter a segurança de que, se um membro do Corpo Místico de Cristo – Maria – já foi glorificado, todos nós o seremos um dia. Maria nos dá o consolo da esperança final.

Maria, sempre dócil à Palavra de Deus, que acompanhou os passos de seu divino Filho, presente ao pé da cruz e na ressurreição, foi com Ele glorificada e, no céu, é o sinal da realização plena a que todos somos chamados. Como mãe terna, vela por todos nós seus filhos e nos convida a participar com ela da glória celeste, a plenitude do Reino de Deus.

A virgem mãe de Deus, a mãe imaculada assunta ao céu caminha a nosso lado, como “modelo de vida cristã pois toda a sua existência é uma plena comunhão com o Filho, uma entrega total a Deus.”

Imagem e modelo
Em Maria assunta ao céu, a Igreja celebra a realização do mistério pascal. Sendo ela “cheia de graça”, sem sombra alguma de pecado, quis o Pai associá-la à ressurreição de Jesus.

Glorificada na assunção, Maria é a criatura que atingiu a plenitude humana na salvação. Para o cristão, a ressurreição é a etapa conclusiva da salvação. Nesse sentido, Maria elevada ao céu é imagem e modelo da criatura plenamente salva, liberta, realizada. No Evangelho, encontramos o fato, a dinâmica e todo o objetivo da vida que em Maria se realiza livre e plena.

Na atitude de Maria, ser humano realizado, toda pessoa encontra inspiração de vida, fé e amor: o projeto de Deus se torna realidade: o mal é vencido, o amor triunfa. Na assunção de Maria, a terra e o céu se encontram.

Origem da festa

A festividade da Assunção teve suas origens na antiga liturgia de Jerusalém. No século VI foi também acolhida pela liturgia bizantina com o nome de “Dormição da Mãe de Deus”. Na liturgia romana, a festa só foi introduzida no século VII, com o nome de “dormitio”, pausatio, natalis”, com conteúdo pouco definido. No século VIII, sob o Papa Adriano, a festa recebeu o nome de “Assunção”, que perdura até hoje.

Na definição dogmática de Pio XII, a festa ganhou um conteúdo bem claro: trata-se da assunção corpórea de Maria ao céu. E instituiu-se o dia 15 de agosto para esta celebração. No Brasil, quando a data não ocorre num domingo, por razões pastorais passamos a solenidade para o domingo seguinte.

A Igreja acredita que Maria é a única criatura humana – depois de Cristo e no seu seguimento – que entrou de corpo e alma na bem-aventurança do céu, depois de ter concluído a peregrinação por este mundo. Na solenidade da Assunção, juntam-se a glorificação e a consumação corpórea de Maria. Com isso a Igreja demonstra sua fé na superioridade de Maria, comparada com o resto da humanidade. Em Maria antecipa-se aquilo que está reservado a todos os crentes no fim do mundo, no momento da ressurreição dos mortos.

Celebrar a Assunção de Maria é, pois, acreditar no inexplicável, no inefável, e confiar no amor salvífico de Deus que convida todos os seus filhos para o banquete eterno em seu Reino.

Maria se encontra, com o corpo glorificado, em companhia de Jesus, seu Filho, do Pai e do Espírito Santo e de todos os santos do céu. A “cheia de graça”, quis o Pai associá-la à ressurreição de Jesus; ela já é o que somos chamados a ser.

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