quarta-feira, 30 de março de 2011

Haverá lugar para todos na Beatificação de João Paulo II


ROMA, terça-feira, 29 de março de 2011 (ZENIT.org) - "Roma está pronta para acolher todos os peregrinos que quiserem vir: temos disponibilidade de lugares, assim como todas as cidades perto de Roma."
Estas foram as palavras de Dom Liberio Andreatta, na apresentação operacional dos eventos relacionados à beatificação de João Paulo II. A reunião foi realizada na sede do Vicariato de Roma, com a presença de significativas autoridades civis, desmentindo assim as vozes que anunciavam uma situação de emergência.
Para se deslocar dentro Roma, o bilhete dos peregrinos permitirá utilizar o transporte público gratuitamente durante os três dias; o metrô funcionará 22 horas por dia (exceto das 2h às 4h).
Para chegar à capital, serão utilizados os trens, os mesmos que em dia úteis transportam milhares de pessoas, só que, nesses dias, sem o fluxo de trabalhadores. Haverá também uma "noite branca" de igrejas e locais de entrega de pacotes com alimentos.
"Esta será uma demonstração de como João Paulo II é amado", disse Dom Andreatta, que precisou: "Escolheu-se o dia 1º de maio, domingo ‘in Albis', porque é dedicado à Misericórdia Divina, porque ele quis santificar Santa Faustina e porque morreu logo depois das vésperas da Festa da Divina Misericórdia."
Os três eventos relativos à beatificação são:
- A vigília no ‘Circus Maximus', em 30 de abril, presidida pelo cardeal Agostino Valli, organizada pela diocese de Roma e à qual Bento XVI participará por meio de uma conexão de vídeo. Será possível entrar enquanto houver espaço e não se precisará de ingressos ou tickets.
- A Missa da beatificação de João Paulo II, em 1º de maio, às 10h, presidida pelo Santo Padre. Depois, na basílica de São Pedro, no altar da Confissão, será aberta a veneração dos restos mortais de João Paulo II, até o final da fila de fiéis.
- A Missa de Ação de Graças, na segunda-feira, 2 de maio, em São Pedro. O evento conclusivo será presidido pelo secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone.
Durante a coletiva de imprensa, foi reiterado várias vezes que não haverá tickets para entrar no ‘Circus Maximus' nem em São Pedro. Ninguém pode, portanto, vender bilhetes de entrada para os eventos.
A organização do evento foi confiada à Obra Romana de Peregrinações (ORP), que preparará, no ‘Circus Maximus', o sistema de vídeo, áudio e palco para a celebração da vigília, que estará conectada, pela internet, a cinco santuários do mundo.
As áreas periféricas de São Pedro serão equipadas com telões: Castel Sant'Angelo, Via della Conciliazione, Piazza Risorgimento e outros lugares, tudo gerido por 2.500 voluntários.
Também serão distribuídos pacotes com alimentos; a ‘Nestlé' doou um milhão de garrafas de água. Haverá um kit de informações, com passeios na região do Lácio, que estão relacionados com a vida de João Paulo II, além de serviços de cuidados à saúde. Serão facilitadas as tarifas de trem, de companhias aéreas, navios etc.
"Os custos, ao contrário de outras vezes, considerando a difícil situação econômica atual - disse Dom Andreatta -, não pretendem pesar nos balanços das administrações públicas." E indicou: "Nós sabemos, através da Cáritas, que muitas famílias têm dificuldade para chegar ao final do mês. E embora cada evento traga riqueza, porque a prefeitura acaba recolhendo impostos, o verdadeiro evento é religioso e, portanto, queremos pensar também nessas famílias".
"O custo estimado é de três ou quatro euros por pessoa. Não se sabe, portanto, o montante total do evento, visto que variará segundo a quantidade de pessoas que vierem a Roma", disse Dom Andreatta, acrescentando: "No final do evento, será divulgado o orçamento de forma transparente, de modo a saber como os recursos foram utilizados. Tudo faturado e com IVA".
O Pe. Caesar Atuire, administrador da ORP, reiterou: "Não há nenhuma emergência, há lugares para todos. Venham a Roma, que Roma os acolherá".
Sobre os preços inflacionados de hotéis, lembrou que assinaram um decálogo ético com a federação hoteleira e as coisas estão voltando ao normal. E reiterou que "ninguém está autorizado a vender ingressos para entrar na Praça de São Pedro nem para outros eventos".
Atuire recordou que "ninguém será deixado de fora por motivos financeiros; os jovens que não têm como pagar alojamento terão lugares exclusivos para dormir".
Em relação ao estacionamento, haverá várias áreas em torno de Roma. Assim, o sistema será reforçado com meios de transporte e principal será o trem. Também haverá estacionamentos facilitados para pessoas portadoras de deficiência.
O tempo aconselhado para viver bem o evento, disse o Pe. Atuire, é de três dias.
"Haverá uma organização modular- reiterou -, que permitirá assistir todos os peregrinos que quiserem vir. O número pode mudar e nós estamos prontos." Estima-se que serão pelo menos 300 mil peregrinos.
Após o evento, se sobrarem fundos das doações recebidas, serão destinados a um refeitório para os desabrigados na área da estação Termini.
Sobre a coincidência com as celebrações de 1º de maio, considerado por alguns como uma data que a Igreja está "roubando" dos trabalhadores, o Pe. Atuire disse que "não existe conflituosidade com o concerto de São João de Latrão, porque a cerimônia será de manhã e o concerto, à tarde". Ele também lembrou que o dia 1º de maio é a festa de São José Operário e que a palavra "roubo" sugere uma ideologização.
Em 5 de abril, haverá uma coletiva de imprensa institucional, com o conteúdo do evento e alguns novos detalhes.
Sobre a presença de 300 mil peregrinos, considerados poucos com relação aos dois milhões estimados inicialmente, o gerente da ORP considerou que depende também de como são feitos os cálculos, visto que, se forem baseados nos eventos, pode-se chegar até a 1,5 milhão.
Abriu-se, além disso, uma conta em diversos bancos e os doadores não pagarão taxas extras.
Do selo comemorativo se ocupará o Ministério do Desenvolvimento e ele será oficialmente entregue em 29 de abril, junto com a medalha; ambos estão baseados em uma foto de João Paulo II, tirada em 1999.
Fonte: Zenit

Nota da CNBB pelo falecimento do ex-vice-presidente da República



A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB expressa seu profundo pesar pela morte do ex-vice-presidente da República, José Alencar Gomes da Silva, ocorrida na tarde desta terça-feira, 29 de março. Após um longo tempo de luta contra o câncer, José de Alencar parte desta vida deixando para todos os brasileiros o testemunho de amor à pátria e à vida.

Em sua vida pública e militância política, José Alencar será lembrado, especialmente, por sua coerência, coragem e discrição. Mas, sem dúvida, ele será lembrado muito mais pela bravura com que enfrentou a doença que insistia em levá-lo antes do tempo. Na memória de todos ficarão suas palavras quando disse não ter medo da morte e que Deus é que o levaria e não o câncer. Nisso acreditou e assim viveu até o último momento.

Firmados na esperança, que vem de nossa fé na ressurreição de Cristo, pedimos a Deus que o acolha no seu reino.

Brasília, 29 de março de 2011


Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB

Núncio apostólico presidirá Missa de corpo presente de Alencar



Daqui a pouco, às 11h30, no Palácio do Planalto, o Núncio Apostólico no Brasil, Dom Lorenzo Baldisseri, vai presidir a Missa de corpo presente do ex-vice-presidente da República, José Alencar.

Além de familiares e autoridades civis, o secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Dimas Lara Barbosa, estará presente e concelebrará junto a Dom Lorenzo.

A família do ex-vice já marcou com o Cardeal Arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, a Missa de 7º dia de José Alencar. Ela será celebrada pelo próprio Dom Odilo, no dia 9 de abril, às 12h, na Catedral da Sé.

E na noite desta terça-feira, 29, a Conferência dos Bispos divulgou uma nota pelo falecimento do ex-vice, assinada pelo secretário geral. No texto, é ressaltado o testemunho de amor à pátria e à vida deixado por Alencar.
Fonte: Canção Nova

sexta-feira, 25 de março de 2011

Mensagem da CNBB pela Beatificação do Papa João Paulo II


Por ocasião da beatificação do Papa João Paulo II

“Deus nos chamou à santidade” (1 Ts 4,7)

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dirige-se aos católicos e a todas as pessoas de boa vontade para manifestar sua alegria e gratidão a Deus pela beatificação do Servo de Deus, João Paulo II, no próximo dia primeiro de maio. O Papa João Paulo II amava muito o Brasil e visitou nosso País por três vezes. Entre nós, ele foi carinhosamente acolhido e aclamado como “João de Deus”.

A beatificação nos incentiva a aprofundar nossa vocação universal à santidade. Na sua primeira mensagem, ele convidou a todos: “abri as portas a Cristo Jesus!” Sua vida foi um testemunho eloquente de santidade, pela grande fé, amor à Eucaristia, devoção filial a Maria e pela prática do perdão incondicional. A Palavra de Deus foi por ele intensamente vivida e anunciada aos mais diferentes povos. A espiritualidade da cruz o acompanhou na experiência da orfandade e da pobreza, nas atrocidades da guerra e do regime comunista, mas principalmente no atentado sofrido na Praça de São Pedro. De maneira serena e edificante, suportou as incompreensões e oposições, as limitações da idade avançada e da doença.

O mundo inteiro foi edificado pelo seu empenho em favor da vida, da família e da paz, dos direitos humanos, da ecologia, do ecumenismo e do diálogo com as religiões. Revelou-se um grande líder mundial, um verdadeiro “pai” da família humana. Pediu várias vezes perdão pelas falhas históricas dos filhos da Igreja. Ele mesmo foi ao encontro do seu agressor, na prisão, oferecendo-lhe o perdão. Pela encíclica Dives in Misericordia e na instituição do “Domingo da Divina Misericórdia”, manifestou seu compromisso com a reconciliação da humanidade.

Foi um papa missionário. Numerosas viagens apostólicas marcaram seu pontificado e incentivaram, na Igreja, o ardor missionário e o diálogo com as culturas. No Grande Jubileu conclamou e encorajou a Igreja a entrar no terceiro milênio cristão, “lançando as redes em águas mais profundas”. Afirmou e promoveu a dignidade da mulher; ampliou o ensino Social da Igreja e confirmou que a promoção humana é parte integrante da evangelização. Valorizou os meios de comunicação social a serviço do Evangelho. A todos cativou pelo seu afeto e sensibilidade humana; crianças, jovens, pobres, doentes, encarcerados e trabalhadores foram seus preferidos.

O Papa João Paulo II estimulou, especialmente, as vocações sacerdotais, religiosas e missionárias. Aos sacerdotes dirigiu, todos os anos, na Quinta-Feira Santa, sua Mensagem pessoal. Leigos e consagrados foram valorizados e encorajados nos Sínodos a eles dedicados, para promover sua dignidade, vocação e missão na Igreja.

Convidamos, portanto, todo o povo a louvar e agradecer a Deus pela beatificação do Papa João Paulo II. “O Brasil precisa de santos”, proclamou ele na beatificação de Madre Paulina. Sensibilizados por essas palavras, confiamos à sua intercessão a santificação da Igreja e a paz no mundo. Fazemos votos de que seu testemunho e seus ensinamentos continuem a animar a grande família dos povos na construção de uma convivência justa, solidária e fraterna, sinal do Reino de Deus, entre nós.

Brasília, na Solenidade da Anunciação do Senhor,

25 de março de 2011

Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
Vice-Presidente da CNBB

Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário-Geral da CNBB
Fonte: CNBB

quinta-feira, 24 de março de 2011

Vaticano estuda milagres para futura canonização de JPII


“Colocada num lugar preferencial, a causa da beatificação de João Paulo II é seguida com grande atenção e cuidadosa análise processual, também por causa da pressão midiática que exige que esta não seja conduzida de modo superficial, bem como de maneira adequada a personalidade do futuro beato”. Foi o que destacou o prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, Cardeal Angelo Amato.

O cardeal ressaltou que o procedimento seguido pela Congregação é aquele previsto no documento de 1983. “Para a canonização bastaria um outro milagre. Continuamos a receber de todo o mundo relatos de grandes graças atribuídas a ele [João Paulo II]”, conta o prefeito do dicastério.

Dom Angelo Amato explica que para seguir a postulação é necessário discernimento para verificar, com a ajuda dos médicos e cientistas, qual milagre poderia ser escolhido para a realização de examinações jurídicas.

A cerimônia de beatificação do Papa Karol Wojtyla acontecerá no dia 1º de maio na Praça de São Pedro, no Vaticano, presidida pelo Papa Bento XVI.
Fonte: Canção Nova

quarta-feira, 23 de março de 2011

Bento XVI nomeia novo Bispo Coadjutor para Diocese do Brasil



Mons. Benedito Araújo - Nomeado Bispo Coadjutor de Guajará-Mirim - RO

O Papa Bento XVI nomeou, nesta quarta-feira, 23, como bispo coadjutor da diocese de Guajará-Mirim, no Estado de Rondônia, o padre Benedito Araújo. A nomeação atende a um pedido do bispo da diocese, Dom Geraldo Verdier.

Atual responsável da paróquia Nossa Senhora de Nazaré, em São Luis do Maranhão, e professor no Instituto de Estudos Superiores do Maranhão (IESMA), padre Benedito tem 47 anos e foi ordenado presbítero no dia 21 de novembro de 1991, na Arquidiocese de São Luís.

Natural de Conceição, Itapecuru Mirim (MA), fez seus estudos de filosofia e teologia no Centro de Estudos Teológicos do Maranhão, atual IESMA. Tem especialização em psicopedagogia pela PUCRS e mestrado em ecumenismo pelo Institutum de Studiis Oecumenicis, em Veneza, Itália.

Padre Benedito foi reitor do Centro Vocacional Cura D´Ars; promotor vocacional; coordenador da Pastoral Vocacional do Regional Nordeste V da CNBB; Vice-reitor e Reitor do Seminário Interdiocesano Santo Antônio; Coordenador Pastoral da Arquidiocese; membro do Colégio de Consultores e do Conselho Presbiteral, da Associação Regional e Nacional dos Presbíteros; vigário e pároco da paróquia Nossa Senhora de Nazaré; administrador paroquial das paróquias São Pedro e Divino Espírito Santo; pároco da paróquia Sagrada Família.
Fonte: CNBB

terça-feira, 22 de março de 2011

Cardeal Piacenza pede Adoração Eucarística pelas Vocações



Cada diocese precisa de uma capela de adoração dedicada a rezar pelos sacerdotes


CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 22 de março de 2011 (ZENIT.org) - O cardeal Mauro Piacenza, prefeito da Congregação para o Clero, afirma que não se pode subestimar o valor da adoração eucarística, e recomenda que cada diocese tenha uma capela ou santuário para a adoração eucarística, dedicada à oração pelas vocações consagradas e pela santificação do clero.

Isto foi afirmado em uma nota enviada, no último dia 4 de março, a Dom Dominique Rey, bispo de Toulon (França). Este bispo está promovendo uma conferência internacional sobre a adoração eucarística, que será realizada de 20 a 24 de junho, no ‘Salesianum' de Roma.

"Não podemos subestimar a importância de adorar o Senhor no Santíssimo Sacramento, sabendo que o culto é o maior ato do povo de Deus", escreve o cardeal.

A este respeito, acrescenta que a adoração eucarística é "um meio eficaz para promover a santificação do clero, a reparação dos pecados e as vocações ao sacerdócio e à vida religiosa".

"Com coragem, devemos pedir ao Senhor que envie novos operários para a sua messe", diz o cardeal Piacenza.

Acrescenta a recomendação de que "em cada diocese haja pelo menos uma igreja, capela ou santuário dedicado à adoração perpétua da Eucaristia, pela intenção específica de promover novas vocações e pela santificação do clero".

"Um renovado sentido da devoção a Cristo na Eucaristia - conclui o cardeal Piacenza - só pode enriquecer cada aspecto da vida e da missão da Igreja no mundo."
Fonte: Zenit

sábado, 19 de março de 2011

Hino de São José

19 de Março - Solenidade de São José


Celebra-se hoje, 19 de março, a Solenidade de São José. Neste dia, a Igreja, espalhada pelo mundo todo, recorda solenemente a santidade de vida do seu patrono.

Esposo da Virgem Maria, modelo de pai e esposo, protetor da Sagrada Família, São José foi escolhido por Deus para ser o patrono de toda a Igreja de Cristo.

Seu nome, em hebraico, significa “Deus cumula de bens”.

No Evangelho de São Mateus vemos como foi dramático para esse grande homem de Deus acolher, misteriosa, dócil e obedientemente, a mais suprema das escolhas: ser pai adotivo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Messias, o Salvador do mundo.

"Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e acolheu sua esposa" (Mt 1,24).

O Verbo Divino quis viver em família. Hoje, deparamos com o testemunho de José, “Deus cumula de bens”; mas, para que este bem maior penetrasse na sua vida e história, ele precisou renunciar a si mesmo e, na fé, obedecer a Deus acolhendo a Virgem Maria.

Da mesma forma, hoje São José acolhe a Igreja, da qual é o patrono. E é grande intercessor de todos nós.

Que assim como ele, possamos ser dóceis à Palavra e à vontade do Senhor.

São José, rogai por nós!
Fonte: Canção Nova

sexta-feira, 18 de março de 2011

Tribunal decide pela permanência dos crucifixos nas escolas


O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem (TEDH) anulou nesta sexta-feira, 18, a condenação do Estado italiano pela presença de crucifixos nas salas de aula de escolas públicas, considerando que esta é uma decisão de cada Estado.

O veredito final, que não é passível de recurso, encerra o chamado “caso Lautsi”, tendo o TEDH decidido por maioria, com 15 votos contra 2, que não estava em causa qualquer violação da Convenção Europeia dos Direitos do Homem de 1950.

“O Tribunal considerou, em particular, que a questão da presença dos símbolos religiosos nas salas de aulas resulta, em princípio, da apreciação do Estado – tanto mais na falta de consenso europeu nesta questão – na medida, contudo, em que as escolhas neste domínio não conduzam a uma forma de doutrinamento”, informou o comunicado divulgado pela página oficial do TEDH.

A cidadã italiana de origem finlandesa, Soile Lautsi, apresentou uma queixa contra o Estado italiano em Estrasburgo, França, no ano de 2006, após o instituto público Vittorino da Feltre, frequentado pelos seus filhos, se ter negado, em 2002, a retirar os crucifixos que ali se encontravam expostos.

Para o Tribunal, uma “percepção subjectiva” não basta para que se possa falar em “violação” da Convenção de 1950.

Nesta sexta-feira, no Vaticano, o Presidente do Conselho Pontifício da Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, disse aos jornalistas que “a presença cristã na cidade secular, durante os séculos, representou um elemento fundacional e absolutamente decisivo para a construção” da civilização europeia.

Antes de conhecer a decisão final, o Cardeal italiano sublinhava que “o crucifixo, além do seu significado teológico, é um sinal de civilização e constitui um dos maiores símbolos do ocidente”, acrescentando que este é um “dado cultural”.

Em comunicado de imprensa, o TEDH precisa que o “caso Lautsi”, se referia “à presença de crucifixos nas salas de aula das escolas públicas na Itália, que segundo os requerentes, é contrária ao direito à educação, particularmente ao direito dos pais de assegurar aos seus filhos uma educação e um ensino conformes às suas convicções religiosas e filosóficas”.

Na primeira sentença, emitida em 3 de Novembro de 2009, os sete juízes entenderam que a presença dos crucifixos nas escolas constituía “uma violação ao direito dos pais em educar os filhos segundo as próprias convicções” e uma “violação à liberdade religiosa dos alunos”.

A vitória de hoje não é só da Itália, mas também de todos os 47 países que fazem parte da União Europeia.

O Tribunal Europeu dos Direitos do Homem foi criado em Estrasburgo pelos Estados membros do Conselho da Europa em 1959, para analisar alegações de violação da Convenção Europeia dos Direitos do Homem.
Fonte: Canção Nova

quarta-feira, 16 de março de 2011

Quem fundou a sua Igreja?


Por Carlos Martins Nabeto
Fonte: Agnus Dei

INTRODUÇÃO

Este artigo pode, a princípio, parecer anti-ecumênico, mas não é. Muito pelo contrário, visa esclarecer fatos históricos. Pessoalmente, torço para o êxito do ecumenismo, que tem uma árdua tarefa na busca da aproximação, diálogo e consenso entre as várias denominações cristãs. Contudo, sou obrigado a registrar que, em virtude da imperfeição do ser humano, o ecumenismo caminha a passos lentos… muito lentos mesmo! Na verdade, a discórdia reinante entre os cristãos é fruto mais de interesses pessoais e políticos do que religiosos. É claro que existem diferenças de pontos doutrinais, criados a partir da necessidade de separação e identificação, mas será que existe vontade de discuti-los fraternalmente, a ponto, até, de reconhecê-los como errados?

Volta e meia a imprensa noticia que milhares e milhares de católicos estão indo seguir outras religiões. Vemos, assim, que o católico costuma a ser pacífico, bom ouvinte, o que, aliás, é uma boa virtude ecumênica. Por outro lado, sabemos que muitos católicos assim se declaram porque foram batizados quando crianças, não tendo, após isso, uma verdadeira vida cristã: nunca foram à Igreja (exceto para “pagar” promessas ou participar de missas de sétimo dia), nunca tiveram interesse de participar dos grupos comunitários e nunca se aprofundaram no estudo bíblico e doutrinário da Igreja (no máximo, fizeram a primeira – e única! – comunhão). Infelizmente, vemos atitudes pouco ecumênicas por parte da maioria dos dirigentes de outras igrejas que, aproveitando o fato do pouco conhecimento religioso de boa parte dos católicos, coverte-os às suas respectivas religiões usando, para isso, de artimanhas verdadeiramente anti-ecumênicas. Para discutir esse fenômeno, existem, hoje, duas correntes de pensamento dentro da própria Igreja católica: a primeira acha ótimo esse “êxodo”, já que ocorre uma purificação interna dentro da própria Igreja, uma vez que, como está comprovado, só deixam de ser católicos aqueles que pouco interesse têm pela Igreja. A segunda, embora reconhecendo que essa “purificação” é positiva e que contribui para o aumento da qualidade dos fiéis católicos, afirma que não é justo permitir o afastamento do “joio” já que estes foram, na maioria das vezes, conquistados de forma ilícita, isto é, por desconhecerem a sã doutrina da Igreja, mudaram de fé graças a argumentos duvidosos (apresentados por fiéis de outras igrejas), para os quais não tinham uma explicação satisfatória… De uma forma, como de outra, a própria Igreja católica reconhece que é necessária uma nova evangelização, buscando aprofundar as raízes de todos os fiéis católicos bem como de todos os homens de boa vontade.

TUDO É HISTÓRIA

Ao contrário de todas as demais religiões, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo são religiões históricas, não foram criadas a partir de mitos! Logo, todas as ações realizadas pelos fiéis dessas três grandes religiões ficaram registradas no tempo! São fatos, não lendas; é história, não estória! Não vamos falar sobre os judeus, pois sabemos que eles não aceitaram Jesus como o verdadeiro Messias porque sua visão de Messias, na época de Jesus, era estritamente política: o enviado de Deus que libertaria o povo da dominação romana (aliás, a destruição de Jerusalém em 135 dC pelos romanos foi motivada por essa falsa visão: três anos antes, Bar-Khokba fôra proclamado pelas autoridades religiosas como o Messias libertador). Quanto aos islâmicos, cuja fé baseia-se em Maomé, bem sabemos pela História que trata-se de uma religião com grandes influências do judaísmo e cristianismo.

Vamos, portanto, nos concentrar na fé cristã e ver o que é histórico, o que é verdadeiro, já que, na esmagadora maioria das vezes, os conflitos e divisões são gerados pelos próprios cristãos.

A IGREJA CATÓLICA

Jesus manifestou o interesse de fundar a Igreja (Mt 16,18), Igreja esta que teria autoridade (Mt 18,17), cujo sinal de unidade seria a pessoa de Pedro (Mt 16,18-19; Jo 21,15-17; etc). A Igreja foi oficialmente fundada após a ressurreição de Jesus, no domingo de Pentecostes, com o derramamento do Espírito Santo (At 2). A Igreja cresceu em número, primeiro em Jerusalém, e foi se espalhando pelo mundo graças à pregação e cuidado dos apóstolos. É de conhecimento geral que, naquela época, Roma era a senhora do mundo, o mais vasto império que a humanidade já conheceu. Foram os próprios apóstolos que viram a necessidade do deslocamento do Cristianismo para o centro do império romano a fim de facilitar a pregação do Evangelho. É fato histórico que Pedro e Paulo foram perseguidos e martirizados em Roma. Clemente Romano, ainda no séc. I, nos testemunha esses martírios. Irineu de Lião apresenta, no séc. II, a lista dos sucessores de Pedro, até aquela data. A arqueologia, através de escavações, confirmou a morte de Pedro e Paulo em Roma ao encontrar seus respectivos túmulos. Ao estudarmos a doutrina da Igreja católica, percebemos que ela não se afastou um milímetro sequer desde a sua fundação, ou seja, a Igreja católica atual é a mesma de 2000 anos atrás.

A PRIMEIRA DIVISÃO

A primeira divisão dentro do Cristianismo ocorreu em 1054 dC (aproximadamente mil anos após a fundação da Igreja). É o que se chama de Cisma Oriental. Antes disso, grandes polêmicas tinham surgido dentro do seio do Cristianismo mas, mesmo assim, sempre se chegava a um consenso geral através da realização de grandes Concílios Ecumênicos, que reuniam bispos de todo o mundo até então conhecido. Aqueles que não se adequavam às decisões eram afastados da Igreja, criando – como hoje em dia – comunidades heréticas que o próprio tempo tratou de exterminá-las. Mas o Cisma Oriental foi a primeira divisão que realmente abalou o mundo cristão. Doutrinariamente, os orientais, baseados em Constantinopla, acusaram a Igreja do ocidente de ter acrescentado o termo filioque ao credo niceno-constantinopolitano, resultando na procedência do Espírito Santo a partir do Pai e do Filho e não apenas do Pai, como originalmente registrava tal credo, o que dava a impressão que o Espírito Santo passou a “existir” após o Pai e o Filho. Muito embora a Igreja católica tenha demonstrado e comprovado que tal acréscimo nada modifica na fórmula original, nem impõe uma ordem de procedência já que trata-se do Deus único, a Igreja Ortodoxa jamais aceitou voltar à plena comunhão com a Igreja de Roma, o que bem demonstra que a divisão não ocorreu por motivo simplesmente doutrinário.

Mas então qual seria o verdadeiro motivo da separação? Política! Desde o séc. VII, Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, desejava ter os mesmos direitos da sé de Roma, tendo conseguido obter, no máximo, o reconhecimento do privilégio de segunda, logo depois de Roma. Assim, o argumento do “acréscimo ilícito” do filioque foi usado apenas para garantir a separação na ordem política! Isso é História.

AS DEMAIS DIVISÕES

Após a separação da Igreja Ortodoxa, foram necessários mais 500 anos, aproximadamente, para que nova divisão viesse abalar a Igreja do Ocidente. Também é fato histórico que na Igreja medieval ocorriam vários abusos, a grande maioria ocasionados pelo fato da ligação íntima entre Igreja e Estado; era o Estado que nomeava os bispos, sendo estes pouco preparados a nível religioso. Então era comum encontrarmos bispos que compravam determinada sede episcopal, que eram casados irregularmente, que eram impiedosos por falta de vocação religiosa, etc… Era necessária uma Reforma dentro da Igreja! Vários homens lutaram por essas reformas, cada qual a seu jeito. Francisco de Assis é um desses exemplos: lutou por reformas e conseguiu! Não precisou dividir a Igreja, pois reconhecia sua importâcia e autoridade. Mesmo assim, a Igreja ainda não estava totalmente reformada. Infelizmente, homens como Lutero e Calvino, ao invés de se inspirarem no grande exemplo de São Francisco, acharam mais fácil romper com a Igreja, fundando novas religiões… foi a chamada Reforma Protestante. Lendo a história de maneira completamente imparcial, vemos que, mais uma vez, a política se intrometia no campo religioso. Lutero, para impor suas doutrinas, aliou-se aos príncipes alemães descontentes com as boas relações entre o Imperador e o Papa. Calvino fez de Genebra um Estado cuja política era guiada por preceitos religiosos radicais, com visível orientação antipapal e anticatólica. Ao contrário de Lutero e Calvino, o rei Henrique VIII da Inglaterra estava preocupado em conseguir um descendente (filho) do sexo masculino para ser seu sucessor no trono; como Catarina de Aragão, sua esposa, não conseguia dar-lhe esse filho tão esperado e o Papa não consentisse o divórcio, obrigou ao clero inglês a reconhecê-lo como chefe supremo da igreja na Inglaterra. Observemos, portanto, como os argumentos religiosos são usados por todos, desde o princípio, como justificativa para implantação de idéias meramente políticas.

Lutero havia afirmado que quem dirige o crente é o Espírito Santo, de forma que este não necessita da autoridade de Igreja para ajudá-lo a interpretar a Bíblia, única fonte de fé que deve ser considerada pelo cristão. Esse mesmo ponto de vista foi adotado por Calvino e por todo o mundo protestante. Mesmo sendo oposta à própria Bíblia (2Pd 3,15-16), a livre interpretação ocasionou a fragmentação do Cristianismo em mais de 20 mil ramos, o que é um absurdo, já que cada ramo se julga a verdadeira Igreja de Cristo, tendo como único ponto comum o anticatolicismo. Mas, não reconhecendo a autoridade de Igreja, mais uma vez se voltam contra a Bíblia, pois esta afirma que o fundamento e coluna da verdade é a Igreja (cf. 1Tm 3,15), logo, apesar de possuirem alguns pontos verdadeiros (que são iguais aos da Igreja Católica!!!), não são a verdadeira Igreja de Cristo.

Vejamos a seguinte lista, organizada em ordem cronológica e incompleta, já que seria impossível listar as 20 mil igrejas cristãs hoje existentes:

AnoDenominaçãoOrigemFundador
~33Fundação da Igreja CatólicaPalestinaJesus
~55Igreja Católica se fixa em Roma, com Pedro e Paulo
1054Igreja OrtodoxaConstantinoplaMiguel Cerulário
1521Igreja LuteranaAlemanhaMartinho Lutero
1523AnabatistasAlemanhaZwickau
1523Batistas MenonitasHolandaMenno Simons
1531Igreja AnglicanaInglaterraHenrique VIII
1536Igreja PresbiterianaSuiçaJoão Calvino
1592Igreja CongregacionalistaInglaterraJohn Greenwood e outros
1612Igreja Batista Arminiana ou GeralInglaterraJohn Smith
~1630Sociedade dos Amigos (Quakers)InglaterraGeorge Fox
1641Igreja Batista Regular ou ParticularInglaterraRichard Blount
1739Igreja MetodistaInglaterraJohn Wesley
1816Igreja AdventistaEUAWillian Miller
1830MórmonsEUAJoseph Smith
1865Exército da SalvaçãoInglaterraWillian Booth
1878Testemunhas de JeováEUACharles T.Russel
1901Igreja PentecostalEUACharles Parham
1903Igreja Presbiteriana IndependenteBrasilOthoniel C. Mota
1909Congregação Cristã no BrasilBrasilLuís Francescon
1910Igreja Assembléia de DeusEUA/BrasilD.Berg/G.Vingren
1918Igreja do Evangelho QuadrangularEUAAimée McPherson
1945Igreja Católica Apostólica Brasileira (ICAB)BrasilCarlos D.Costa
1955Cruzada o Brasil para CristoBrasilManoel de Mello
1962Igreja Deus é AmorBrasilDavid Miranda
1977Igreja Universal do Reino de DeusBrasilEdir Macedo

Outros Ramos:

  • Adventistas: Adventistas da Era Vindoura, Adventistas do Sétimo Dia, Adventistas Evangélicos, Cristãos Adventistas, Igreja de Deus, União da Vida e do Advento, etc.
  • Batistas: Batistas Abertos, Batistas das Duas Sementes no Espírito, Batistas das Novas Luzes, Batistas das Velhas Luzes, Batistas do Livre Arbítrio, Batistas do Sétimo Dia, Batistas dos Seis Princípios, Batistas Fechados, Batistas Primitivos, Batistas Reformados, Velhos Batistas, etc.
  • Pentecostais:Cruzada da Nova Vida, Cruzada Nacional de Evangelização, Igreja Cristo Pentecostal da Bíblia, Igreja da Restauração, Igreja Jesus Nazareno, Reavivamento Bíblico, Tabernáculo Evangélico de Jesus (Casa da Bênção), etc.

Como cada uma dessas igrejas defende sua própria doutrina como verdadeira, apesar de se autonomearem como cristãos, excluem-se mutuamente. Contudo, a única Igreja cristã que existe desde a época de Cristo é a Igreja católica. E observando-se que sua doutrina permaneceu imutável nestes 2000 anos, temos que ela é a Igreja de Cristo, apesar das demais possuírem elementos verdadeiros, vestígios de sua ligação comum com a Igreja católica. Uma brincadeira de criança ilustra muito bem nosso ponto de vista: a brincadeira do “quem conta um conto, aumenta um ponto”. Uma pessoa transmite uma mensagem para uma segunda pessoa; entra, então, uma terceira pessoa, que recebe a informação da segunda pessoa, e assim, sucessivamente. Não são necessárias muitas pessoas, pois já na quarta ou quinta pessoa, a informação está completamente distorcida da informação original. O mesmo ocorre no campo religioso: como pode, igrejas sem nenhuma ligação com Jesus proclamar-se detentoras da verdade? E como podem essas igrejas atribuir suas mais diversas doutrinas ao mesmo Espírito Santo, sendo estas completamente contraditórias entre si? Não seria uma blasfêmia dizer que o Espírito Santo está ocasionando divisões entre os cristãos se Jesus Cristo afirmou que haveria um só rebanho e um só pastor? (Jo 10,16)

Além da pergunta: “quem fundou a sua igreja?”, outra pergunta interessante a ser feita aos cristãos não católicos é: “qual seria a sua religião se você nascesse há mil anos atrás?”. Nessa época, havia unidade total entre os cristãos e a resposta seria apenas uma: católica. Ora, se não houve mudanças na doutrina desde a fundação da Igreja, é ilógico e contraditório aceitar atualmente doutrinas que não se alinham com as da Igreja católica!!! Pode-se aceitar ritos e disciplinas diferentes, mas não doutrinas!

Quem dá sustentação e vida à árvore é sua raiz! Uma árvore sem raiz não sobrevive nem se mantém segura de pé! E o que temos na raiz desta grande árvore que é o Cristianismo? Na base (raiz) está a Igreja católica (é fato histórico; observe mais uma vez a tabela acima)! Sua raiz bebe diretamente Daquele que dá e é a água viva (cf. Jo 4,10), Jesus Cristo, o Filho de Deus. E é por isso que ela, ainda nos dias de hoje, tem se demonstrado forte e vigorosa (apesar da sua idade), e assim será até a consumação dos séculos (cf. Mt 28,20b).

Para citar este artigo: NABETO, Carlos Martins. Apostolado Veritatis Splendor: Quem fundou a sua Igreja?. Disponível em http://www.veritatis.com.br/article/4477. Desde 6/8/2007.

Bispo de Cajazeiras - PB é ameaçado de morte



Tenta-se “criar um clima de terror e de chantagem”, afirma prelado


SÃO PAULO, 16 de março de 2011 (ZENIT.org) - O bispo de Cajazeiras (Estado da Paraíba, nordeste do Brasil), Dom José Gonzáles Alonso, tem recebido telefonemas e mensagens com ameaças de morte.

O bispo se emocionou e chorou nessa terça-feira, durante uma coletiva de imprensa de apresentação da Campanha da Fraternidade, em Cajazeiras. Ele disse: “minha vida está nas mãos de Deus e oferecida à diocese”.

Em nota lida e assinada pelo prelado, ele explica o contexto das ameaças: “Há três anos, no cumprimento do dever, o Bispo Diocesano tomou medidas disciplinares no âmbito interno da Igreja, em conformidade com o Direito e as normas jurídicas da própria Igreja”.

A partir de então, Dom José Alonso “e outras pessoas passaram a receber telefonemas, e-mails, e torpedos, de origem desconhecida, denegrindo o clero e seminaristas, com difamações e calúnias, em linguagem desrespeitosa, agressiva e mesmo pornográfica”.

“Por fim as mensagens passaram a conter ameaças de todo tipo, também de morte, pessoais e até coletivas, tentando criar um clima de terror e de chantagem, com caráter extorsivo”, afirma a nota.

Segundo o prelado, todos os fatos foram comunicados às autoridades competentes para a apuração e identificação dos responsáveis, em vista da responsabilização penal de seus autores.

“A Diocese continuará a dar todos os passos necessários para a apuração dos fatos, e solicita das autoridades a máxima diligência para o encaminhamento das medidas legais”, destaca a nota.

O bispo afirma ainda que a Igreja de Cajazeiras “acredita e confia na misericórdia e justiça divinas e reza pela conversão e reconciliação de todos, que se restaure a verdade, se repare o mal feito e se caminhe com fé, esperança e caridade rumo ao centenário da Diocese".
Fonte:Zenit

segunda-feira, 14 de março de 2011

Nossa Senhora e a Conversão da Rússia


Entrevista com o Pe. Erich Fink


ROMA, domingo, 13 de março de 2011 (ZENIT.org) - A conversão da Rússia é o sonho do padre Erich Fink desde que ele trabalhava na lavoura, na Alemanha, aos 10 anos de idade.

Agora sacerdote, trabalhando pastoralmente em Berezniki, na Rússia oeste-central, ele explica nesta entrevista que o chamado de Nossa Senhora de Fátima a rezar pela conversão da Rússia continua valendo.

Padre, a Rússia foi o seu sonho de infância. Por quê?

Padre Fink: Eu acredito que foi um chamado de Nossa Senhora de Fátima. Eu conhecia um pouco sobre a Rússia por causa do meu pai. Ele ficou na Rússia sete anos quando era jovem, durante a guerra, três como soldado e quatro como prisioneiro. Ele falava com muito carinho dos russos. Falava das mulheres russas que jogavam pão para os presos, por cima dos muros, sabendo que era ilegal e que podia dar pena de morte. Depois ele voltou para a Alemanha e casou com a minha mãe.

Nós sofremos muito naqueles anos. Procurávamos ajudar a família naquelas dificuldades e descobrimos a oração de Fátima. Nossa Senhora prometeu aliviar os problemas das famílias, então começamos a rezar o terço. Foi naquela época que a mensagem ficou clara para mim. A paz do mundo dependia da conversão da Rússia. Então eu resolvi que queria trabalhar na Rússia.

Que idade o senhor tinha?

Padre Fink: Eu tinha dez anos. Em cinco anos eu soube claramente que queria ser padre. E já naquela época eu queria ir para a Rússia, ajudar nessa conversão.

Houve alguma pessoa em particular que inspirasse o senhor a isso?

Padre Fink: Nenhuma pessoa me inspirou. Eu me lembro que estava na granja dos meus pais e tive essa inspiração, e soube que, alguma hora, eu ia virar padre. E o desejo de ir para a Rússia era muito forte. Eu aproveitei todas as possibilidades para isso. Escutei que Tatiana Goricheva ia vir para a Alemanha, fui atrás e me encontrei com ela...

Tatiana Goricheva era uma dissidente lituana que ficou presa durante muitos anos e contava a história da conversão dela...

Padre Fink: Isso. Ela era uma filósofa ateia e se converteu. Aí começou a pregar e dar testemunho da fé recém-encontrada. Por isso é que ela foi presa e exilada. Eu me encontrei com ela e falei que queria trabalhar na Rússia, como padre. Ela me disse: "Não é muito realista e, no decurso da sua vida, a Rússia não vai mudar".

Qual foi o seu maior desafio quando chegou a Berezniki?

Padre Fink: A língua! Eu só sabia o alfabeto e nenhuma frase!

E os desafios de trabalhar na Rússia?

Padre Fink: Da manhã até cair a tarde as pessoas vêm até mim para pedir ajuda espiritual e material. Mas eu tenho que decidir, toda vez, como ajudar, e pergunto para mim mesmo: "Isso é um desejo sincero de ajuda espiritual? Qual é a forma apropriada de dar assistência social?". Também tenho que ajudar as pessoas a se tornarem independentes para tomar suas decisões, encontrar suas próprias soluções para melhorar de vida. Esses são os grandes desafios.

E o maior desafio da Igreja Católica na Rússia, qual é?

Padre Fink: Nós temos que dar testemunho da dignidade divina de toda pessoa humana. Esta é a maior necessidade na Rússia. Temos muitos problemas: alcoolismo, consumo de drogas, crianças de rua. Toda pessoa tem uma dignidade divina. Essa dignidade pode ser nutrida de uma postura holística, que não implique só ação social, mas também alimento espiritual. A Igreja Católica tem a possibilidade de fazer isso. A Igreja Ortodoxa tem menos experiência na ação social, e nós, católicos, podemos ajudar. Mas temos que entender a mentalidade russa para dar a ajuda apropriada e, ao mesmo tempo, entender e amar a Igreja Ortodoxa. Temos que entender que nós somos hóspedes, e que a conversão e a renovação da fé só podem acontecer através e na Igreja Ortodoxa. Para ajudar a Igreja Ortodoxa, precisamos entender a Igreja.

Se o senhor tivesse que lançar um apelo aos católicos, o que pediria a eles?

Padre Fink: O meu pedido é que eles compreendam a Rússia. Eu noto, na Europa e no Ocidente, que existem muitas dúvidas. "Não é um sistema democrático", essas coisas. Isso não ajuda. A Rússia precisa ser um país forte para resolver os seus problemas e está no caminho. A Rússia precisa da ajuda moral de todos os fiéis e precisa que eles se alegrem com os seus progressos. Mas não precisamos só de compreensão, precisamos de orações. Em Fátima, quando Nossa Senhora pediu que todos os católicos rezassem pela conversão da Rússia, nós sabíamos que o comunismo estava acabado. Muitos acham agora que não é mais necessário continuar rezando pela Rússia. É sim, as orações e o apoio espiritual são mais necessários agora do que nunca, porque a Rússia, só agora, está começando a se converter. Ela ainda não está convertida.

-- -- --
Esta entrevista foi realizada por Mark Riedemann para "Deus chora na Terra", um programa rádio-televisivo semanal produzido por Catholic Radio and Television Network (CRTN), em colaboração com a organização católica Ajuda à Igreja que Sofre.

Mais informação em www.aisbrasil.org.br, www.fundacao-ais.pt.

Fonte: Zenit

domingo, 13 de março de 2011

SOBRE A FORMAÇÃO SACERDOTAL

DECRETO
OPTATAM TOTIUSSOBRE A FORMAÇÃO SACERDOTAL

PROÉMIO
Importância para a vida da Igreja
O sagrado Concílio reconhece que a desejada renovação de toda a Igreja depende, em grande parte, do ministério sacerdotal, animado do espírito de Cristo (1); proclama, por isso, a gravíssima importância da formação dos sacerdotes e declara alguns dos seus princípios fundamentais, pelos quais sejam confirmadas as leis já aprovadas pela experiência dos séculos e se introduzam nelas as inovações que correspondam às suas constituições e decretos e à evolução dos tempos. Esta formação sacerdotal, por causa da unidade do mesmo sacerdócio, é necessária aos dois cleros e de qualquer rito. Portanto, estas prescrições, que se referem directamente ao clero diocesano, devem ser acomodadas na devida proporção a todos os sacerdotes.
I. ESTABELECER-SE-Á EM CADA NAÇÃO UM PLANO DE FORMAÇÃO SACERDOTAL
Adaptação das normas gerais pelas Conferências episcopais
1. Uma vez que não podem dar-se senão leis gerais para tão grande variedade de povos e regiões, estabeleça-se em cada nação ou rito um peculiar «Plano de formação sacerdotal que há-de ser promulgado pela Conferência episcopal (2), revisto periodicamente e aprovado pela Santa Sé.
Por ele se acomodem as leis universais às condições particulares dos tempos e dos lugares, de maneira que a formação corresponda sempre às necessidades daquelas regiões em que há-de exercer-se o ministério sacerdotal.
II. PROMOÇÃO MAIS INTENSA DAS VOCAÇÕES SACERDOTAIS
Obrigação de toda a comunidade cristã. 
Natureza da vocação. 
Obra das vocações

2. O dever de fomentar as vocações (3) pertence a toda a comunidade cristã, que as deve promover sobretudo mediante uma vida plenamente cristã; mormente para isso concorrem quer as famílias, que animadas pelo espírito de fé, de caridade e piedade, são como que o primeiro seminário, quer as paróquias, de cuja vida fecunda participam os mesmos adolescentes. Os mestres e todos aqueles que, de algum modo, se ocupam da educação das crianças e dos jovens, principalmente as Associações católicas, de tal forma procurem cultivar o espírito dos adolescentes a si confiados, que eles possam sentir e seguir de bom grado a vocação divina. Os sacerdotes manifestem o máximo zelo em favorecer as vocações; e pela sua própria vida humilde, laboriosa, levada com ânimo alegre, assim como pela mútua caridade sacerdotal e fraterna cooperação, atraiam a alma dos adolescentes para o sacerdócio.
Aos Bispos pertence levar o seu rebanho à promoção das vocações, e procurar a colaboração de todas as forças e obras; e sem se pouparem a sacrifícios, ajudarem, como pais, aqueles que eles mesmos julguem chamados à herança do Senhor.
Esta diligente colaboração de todo o Povo de Deus em promover as vocações corresponde à acção da Providência divina, que concede os dotes necessários àqueles que são chamados por Deus a participar do sacerdócio hierárquico e ajuda-os com a Sua divina graça, ao mesmo tempo que aos legítimos ministros da Igreja confia o encargo de, uma vez reconhecida a idoneidade, chamarem os candidatos que, com intenção recta e liberdade plena, pedirem tão alto múnus, e de os consagrarem com o selo do Espírito Santo para o culto de Deus e serviço da Igreja (4).
O sagrado Concílio recomenda, acima de tudo, os meios tradicionais de cooperação comum, como são: a oração fervorosa, a penitência cristã, e a formação cada vez mais perfeita dos fiéis por meio da pregação, da catequese, e dos meios de comunicação social. Nesta formação há-de expor-se a necessidade, a natureza e a excelência da vocação sacerdotal. Além disso, manda que a Obra das vocações, segundo os documentos pontifícios nesta matéria, já fundada ou a fundar no âmbito de cada diocese, região ou nação, organize metódica e coerentemente e promova com zelo e discrição uma acção pastoral de conjunto para o fomento de vocações, sem deixar de lado nenhum dos meios que as hodiernas ciências psicológicas e sociológicas ùtilmente oferecem (5).
É necessário que a Obra das vocações transcenda generosamente os limites da diocese, da nação ou das famílias religiosas ou ritos e olhe para as necessidades da Igreja universal, prestando auxílio principalmente àquelas regiões que reclamam com mais instância obreiros para vinha do Senhor.
Seminários menores e Institutos peculiares
3. Nos Seminários menores, erigidos para -cultivar os gérmenes da vocação, os alunos sejam formados com uma peculiar educação religiosa, e sobretudo por uma apta direcção espiritual, de maneira a seguir Cristo Redentor de alma generosa e coração puro. Sob a orientação paterna dos Superiores, com a colaboração oportuna dos pais, levem uma vida plenamente conforme à idade, espírito e evolução dos adolescentes, segundo as normas da sã psicologia, sem omitir a devida experiência das coisas humanas e o contacto com a própria famílias. Tudo o que nos pontos seguintes se vai dizer dos Seminários maiores, aplique-se também aos Seminários menores na medida em que o fim e o modo de ser o permitem. É conveniente que os estudos neles feitos se ordenem de maneira que os alunos os possam continuar sem dificuldades noutra parte, se abraçarem outro estado de vida.
Com igual cuidado, favoreçam-se os gérmenes da vocação dos jovens e adolescentes nos Institutos peculiares que, segundo as circunstâncias dos lugares, servem também para Seminários menores, assim como daqueles que são educados em outras escolas e demais centros de educação. Promovam-se diligentemente Institutos e outros centros para aqueles que, de idade mais avançada, seguem a vocação divina.
III. ORGANIZAÇÃO DOS SEMINÁRIOS MAIORES
Necessidade, organização, formação para o tríplice ministério
4. Os Seminários maiores são necessários para a formação sacerdotal. Neles, a educação dos alunos deve tender a que, a exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo, mestre, sacerdote e pastor, se formem verdadeiramente pastores de almas (7). Preparem-se, pois, para o ministério da palavra: para que a palavra de Deus revelada seja por eles cada vez melhor entendida, a possuam pela meditação e a manifestem por palavras e costumes. Preparem-se para o ministério do culto e santificação: para que, pela oração e exercício das sagradas funções litúrgicas, exerçam a obra da salvação através do sacrifício eucarístico e dos sacramentos. Preparem-se para o ministério de pastores: para que saibam representar aos homens Cristo que não «veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida pela redenção de muitos» (Mc. 10,45; cfr. Jo. 13, 12-17) e para que, feitos escravos de todos, ganhem a muitos (cfr. 1 Cor: 9,19).
Por isso, todos os aspectos da formação, espiritual, intelectual e disciplinar, sejam ordenados de forma harmónica para este fim pastoral, e todos os Superiores e professores, fielmente obedientes à autoridade do Bispo, se dêem à consecução deste fim, numa acção diligente e concorde:
Escolha, preparação e múnus dos educadores
5. Visto que a formação dos alunos depende de sábias leis, e sobretudo de educadores idóneos, escolham-se entre os melhores os Superiores e os professores dos Seminários (8), e preparem-se diligentemente com sólida doutrina, conveniente experiência pastoral e adequada formação espiritual e pedagógica. Por isso, é conveniente que se fundem Institutos para a consecução deste fim, ou pelo meras cursos devidamente organizados e reuniões de Superiores de Seminários em tempos determinados.
Os Superiores e os professores dos Seminários pensem sèriamente quanto o êxito da formação dos alunos depende da sua maneira de pensar e de agir. Sob a direcção do reitor, estabeleçam uma estreitíssima união de pensamento e acção e constituam entre si e com os alunos uma família que corresponda à oração do Senhor «ut sint unum» (cfr. Jo. 17,11) e alimente nestes últimos a alegria da própria vocação. O Bispo, porém, com assíduo amor anime os que trabalham no Seminário e mostre-se para com os alunos como verdadeiro pai em Cristo. Finalmente, todos os sacerdotes considerem o Seminário como coração da diocese e prestem-lhe de boa vontade a própria ajuda (9).
Exame e selecção das vocações
6. Examine-se com diligente cuidado, segundo a idade e adiantamento de cada um, a rectidão de intenção dos candidatos e a sua liberdade de vontade, idoneidade espiritual, moral e intelectual, a conveniente saúde física e psíquica, tendo também em conta as possíveis disposições hereditárias. Examine-se ainda a capacidade dos candidatos para aguentar com as obrigações sacerdotais e exercer os deveres pastorais (10).
Em toda a selecção e provação dos candidatos mantenha-se a firmeza de espírito, ainda que seja de lamentar a penúria de sacerdotes (11). Deus não permitirá que a Sua Igreja careça de ministros, se se promoverem os dignos e, no devido tempo, os não idóneos forem paternalmente encaminhados para outras ocupações e ajudados para que, cônscios da sua vocação cristã, se entreguem alegremente ao apostolado laical.
Seminários diocesanos e interdiocesanos
7. Naquelas regiões em que as dioceses não puderem por si mesmas fundar Seminários próprios, erijam-se e fomentem-se Seminários comuns a várias dioceses ou para toda uma região ou nação, para que se proveja do modo mais eficaz à sólida formação dos alunos, que nesta matéria deve ser tida como lei suprema. Estes Seminários, se forem regionais ou nacionais, rejam-se por estatutos dados pelos Bispos a quem dizem respeito e aprovados pela Sé Apostólica.
Nos Seminários, porém, onde há muitos alunos, conservada a unidade de regime e de formação científica, distribuam-se convenientemente em grupos menores, para que melhor se atenda à formação pessoal de cada um.
IV.  FORMAÇÃO ESPIRITUAL MAIS CUIDADA
Importância e orientação cristocêntrica
8. A formação espiritual deve estar estreitamente unida com a formação doutrinal e pastoral (13) graças sobretudo à colaboração do director espiritual; seja dada de tal maneira que os alunos aprendam a viver em união familiar e assídua com o Pai por meio de Seu Filho Jesus Cristo, no Espírito Santo: Havendo de ser configurados pela sagrada ordenação com Cristo sacerdote, habituem-se também a aderir a Ele, como amigos, em íntima união de toda a sua vida (14). Vivam de tal maneira o Seu mistério pascal, que nele saibam iniciar o povo que lhes há-de ser confiado. Aprendam a buscar Cristo na meditação fiel da palavra de Deus, numa activa comunicação com os santíssimos mistérios da Igreja, sobretudo na sagrada Eucaristia e no Ofício divino (15); no Bispo que os envia e nos homens a quem são enviados, sobretudo nos pobres, nas crianças, nos doentes, nos pecadores e incrédulos. Amem e venerem com filial confiança a Santíssima Virgem, que foi dada como mãe ao discípulo por Jesus Cristo moribundo na cruz.
Promovam-se com empenho os exercícios de piedade recomendados pelo venerando uso da Igreja. Procure-se, porém, que a formação espiritual não se reduza a eles nem cultive só o sentimento. Aprendam sobretudo os alunos a viver segundo o Evangelho, a firmar-se na fé, esperança e caridade, para que, no seu exercício, adquiram o espírito de oração (16), encontrem a força e defesa da sua vocação, alcancem o vigor de todas as virtudes e cresçam no zelo de conquistar todos os homens para Cristo.
Sentido eclesial
9. Sejam os alunos imbuídos do mistério da Igreja, declarado de modo especial por este sagrado Concílio, de tal maneira que, unidos ao Vigário de Cristo por um amor humilde e filial e, uma vez elevados ao sacerdócio, ligados ao seu Bispo como fiéis cooperadores, colaborando em fraterna caridade com os seus irmãos no sacerdócio, dêem testemunho daquela unidade que atrai os homens para Cristo (17). De coração magnânimo, aprendam a participar em toda a vida da Igreja, segundo o que diz S. Agostinho: «Quanto cada um amar a Igreja de Cristo, tanto tem o Espírito Santo» (18). Entendam os alunos bem claramente que não se destinam ao mando, nem. às honras, mas que se devem ocupar totalmente no serviço de Deus e no ministério pastoral. Sejam educados na obediência sacerdotal, na pobreza de vida e abnegação de si mesmos com particular solicitude (19), de tal maneira que se habituem a renunciar generosamente mesmo àquilo que, sendo lícito, não é conveniente, é a conformar-se com Cristo crucificado.
Exponham-se aos alunos as responsabilidades que hão-de tomar, sem ocultar nenhuma das dificuldades da vida sacerdotal. Todavia, que não olhem quase só para os perigos da actividade futura, mas sejam preparados para saber fortalecer a vida espiritual com o exercício da acção pastoral.
Preparação para o celibato
10. Os alunos que, segundo as santas e constantes leis do próprio rito, seguem a veneranda tradição do celibato sacerdotal, sejam preparados com diligente cuidado para este estado, no qual, por amor do reino dos céus, renunciando à união da família (cfr. Mt. 19,12), aderem com amor indiviso ao Senhor (20) muito em conformidade com a nova Aliança, dão testemunho da ressurreição da vida futura (cfr. Lc. 20,36) (21), e obtêm um auxílio muitíssimo útil para o exercício contínuo daquela caridade perfeita pela qual podem no ministério sacerdotal fazer-se tudo para todos (22). Considerem profundamente como devem receber de ânimo agradecido aquele estado, não só como prescrito pela lei eclesiástica, mas como precioso dom de Deus que deve ser humildemente implorado, ao qual se apressem a corresponder livre e generosamente, estimulados e ajudados pela graça do Espírito Santo.
Conheçam devidamente os deveres e a dignidade do matrimónio cristão, que simboliza o amor entre Cristo e a Sua Igreja (cfr. Ef. 5,32 s.). Compreendam, porém, a excelência maior da virgindade consagrada a Cristo (23), de tal maneira que, por uma opção maduramente deliberada e magnânima, se entreguem ao Senhor por uma inteira doação de corpo e alma.
Sejam prevenidos contra os perigos que ameaçam a sua castidade, sobretudo na sociedade do nosso tempo (24). Ajudados pelos auxílios divinos e humanos, aprendam de tal maneira a integrar a renúncia ao matrimónio, que a sua vida e acção não só não venham a sofrer detrimento algum por causa do celibato mas adquiram um mais alto domínio da alma e do corpo, um maior progresso na maturidade, e uma mais perfeita compreensão da bem-aventurança do Evangelho.
Maturidade humana
11. Observem-se santamente as normas da educação cristã e aperfeiçoem-se devidamente com as descobertas mais recentes da psicologia e da pedagogia. Por meio duma formação bem ordenada, cultive-se também nos alunos a devida maturidade humana, comprovada principalmente por uma certa estabilidade de ânimo, pela capacidade de tomar decisões ponderadas, e por um juízo recto sobre os homens e os acontecimentos. Habituem-se os alunos a dominar o próprio temperamento, formem-se na fortaleza de espírito e aprendam a estimar aquelas virtudes que são tidas em maior conta diante dos homens e recomendam o ministro de Cristo (25), como são a sinceridade, a preocupação constante da justiça, a fidelidade às promessas, a urbanidade no trato, a modéstia e caridade no falar.
A disciplina do Seminário deve ser tida não só como válida defesa da vida comum e da caridade, mas também como parte necessária de toda a formação para adquirir o domínio de si mesmo, promover a sólida maturidade da pessoa e formar as restantes disposições de espírito que tornam mais ordenada e frutuosa a actividade da Igreja. Seja, todavia, observada de tal maneira que se torne uma disposição interna dos alunos para acatar a autoridade dos Superiores por íntima persuasão ou em consciência (cfr. Rom. 13,5) e por razões sobrenaturais. As normas de disciplina, porém, apliquem-se de tal maneira, segundo as idades dos alunos, que estes, aprendendo a dirigir-se gradualmente a si mesmos, se habituem a usar sàbiamente da liberdade, a tomar iniciativas e responsabilidades (26) e a colaborar com os seus companheiros e com os leigos.
É necessário que se ordene de tal maneira toda a vida do Seminário, impregnada de piedade, silêncio e empenho de ajuda mútua, que já seja uma iniciação da vida que o sacerdote há-de levar mais tarde.
Experiências para uma melhor formação
12. Para que a formação espiritual se apoie em razões sólidas e os alunos abracem a vocação por uma opção maduramente deliberada, caberá aos Bispos estabelecer um intervalo de tempo para um mais intenso tirocínio espiritual. Fica também ao seu juízo julgar da oportunidade duma interrupção dos estudos ou dum apto estágio pastoral para se prover mais convenientemente à provação dos candidatos ao sacerdócio. Segundo a condição de cada região, pertence igualmente aos Bispos poder prolongar a idade até agora estabelecida pelo direito comum para as ordens sacras e deliberar da oportunidade de estabelecer que os alunos, terminado o curso teológico, exerçam por algum tempo a ordem de diácono antes de serem promovidos ao sacerdócio.
V. REVISÃO DOS ESTUDOS ECLESIÁSTICOS
Formação humanística e científica prévias. Latim
13. Antes de entrarem nos estudos pròpriamente eclesiásticos, devem os seminaristas possuir uma formação humanística e científica semelhante àquela de que precisam os jovens da sua nação para entrarem nos estudos superiores. Além disso, adquiram o conhecimento da língua latina, com que possam compreender e utilizar as fontes de numerosas ciências e os documentos da Igreja (27). Tenha-se como necessário o estudo da língua litúrgica de cada rito e fomente-se muito o conhecimento conveniente das línguas da Sagrada Escritura e da Tradição.
Coordenação cristocêntrica da Filosofia e da Teologia
14. Na revisão dos estudos eclesiásticos, atenda-se principalmente a que as disciplinas filosóficas e teológicas se coordenem de forma apta e concorram de modo harmónico para que à mente dos alunos se abra o mistério de Cristo, que atinge toda a história do género humano, continuamente penetra a vida da Igreja e se actua principalmente pelo ministério sacerdotal (28).
Para que esta visão se comunique aos alunos no limiar da sua formação, iniciem-se os estudos eclesiásticos por um curso introdutório durante o tempo conveniente. Nesta iniciação dos estudos, proponha-se o mistério da salvação, de tal modo que os alunos atinjam o sentido dos estudos eclesiásticos e vejam a ordem e o fim pastoral deles, ao mesmo tempo que recebam ajuda para fundamentar e penetrar toda a sua vida de fé e se confirmem a abraçar a vocação de ânimo alegre e por uma doação pessoal.
Filosofia: as diversas disciplinas e o seu método
15. As disciplinas filosóficas sejam ensinadas de forma que os alunos possam adquirir antes de mais um conhecimento sólido e coerente do homem, do mundo e de Deus, apoiados num património filosófico perenemente válido (29), tendo em conta as investigações filosóficas dos tempos actuais, sobretudo aquelas que maior influxo exercem na própria nação, assim como o progresso recente das ciências, de modo que, compreendendo a mentalidade hodierna, eles se preparem devidamente para o diálogo com os homens do seu tempo (30).
A história da filosofia seja exposta de maneira que os alunos, ao verem os princípios fundamentais dos vários sistemas, retenham aquilo que neles há de verdadeiro e saibam descobrir as raízes dos seus erros e refutá-los. No próprio modo de ensinar, desperte-se nos alunos o amor à investigação rigorosa cia verdade, observação e demonstração, reconhecendo ao mesmo tempo honestamente os limites do conhecimento humano. Atenda-se com cuidado à relação entre a filosofia e os verdadeiros problemas e questões da vida que agitam a mente dos alunos. Ajudem-se a compreender o nexo entre as matérias da filosofia e os mistérios da salvação, que na teologia são vistos à luz superior da fé.
Teologia: as diversas disciplinas e o seu método
16. As disciplinas teológicas sejam ensinadas à luz da fé e sob a direcção do  magistério da Igreja (31), de tal forma que os alunos possam encontrar com exactidão a doutrina católica na Revelação divina, a penetrem profundamente, façam dela alimento da vida espiritual (32) e se tornem capazes de a anunciar, expor e defender no ministério sacerdotal.
Os alunos sejam formados com particular empenho no estudo da Sagrada Escritura, que deve ser como que a alma de toda a teologia (33). Depois da conveniente introdução, iniciem-se cuidadosamente no método da exegese, estudem os temas de maior importância da Revelação divina e encontrem na leitura e meditação dos Livros sagrados estímulo e alimento (34).
A teologia dogmática ordene-se de tal forma que os temas bíblicos se proponham em primeiro lugar. Exponha-se aos alunos o contributo dos Padres da Igreja oriental e ocidental para a Interpretação e transmissão fiel de cada uma das verdades da Revelação, bem como a história posterior do Dogma tendo em conta a sua relação com a história geral da Igreja (35). Depois, para aclarar, quanto for possível, os mistérios da salvação de forma perfeita, aprendam a penetra-los mais profundamente pela especulação, tendo por guia Santo Tomás, e a ver o nexo existente entre eles (36). Aprendam a vê-los presentes e operantes nas acções litúrgicas (37) e em toda a vida da Igreja. Saibam buscar, à luz da Revelação, a solução dos problemas humanos, aplicar as verdades eternas à condição mutável das coisas humanas e anuncia-las de modo conveniente aos homens seus contemporâneos (38).
De igual modo, renovem-se as restantes disciplinas teológicas por meio dum contacto mais vivo com o mistério de Cristo e a história da salvação. Ponha-se especial cuidado em aperfeiçoar a teologia moral, cuja exposição científica, mais alimentada pela Sagrada Escritura, deve revelar a grandeza da vocação dos fiéis em Cristo e a sua obrigação de dar frutos na caridade para vida do mundo. Na exposição do direito canónico e da história eclesiástica, atenda-se ao mistério da Igreja, segundo a Constituição dogmática «De Ecclesia» promulgada por este sagrado Concílio. A sagrada Liturgia, que deve ser tida como a primeira e necessária fonte do espírito verdadeiramente cristão, ensine-se segundo o espírito dos artigos 15 e 16 da Constituição «De sacra liturgia» (39).
Tendo em consideração as condições locais, sejam os alunos levados a conhecer mais perfeitamente as igrejas e comunidades eclesiais separadas da Sé Apostólica de Roma, para que possam concorrer para a restauração da unidade de todos os cristãos, segundo as normas deste sagrado Concílio (40).
Sejam ainda iniciados no conhecimento das outras religiões mais espalhadas em cada região, para que melhor possam conhecer o que de bom e de verdadeiro têm, segundo a disposição de Deus, aprendam a refutar os seus erros e possam comunicar a plena luz da verdade àqueles que não a têm.
Revisão dos métodos didácticos
17. Porque a formação doutrinal deve tender não só à mera comunicação de noções, mas a uma íntima e verdadeira formação dos alunos, revejam-se os métodos didácticos tanto quanto às prelecções, colóquios e exercícios, como quanto ao incitamento dos alunos ao estudo tanto em particular como em pequenos grupos. Busquem-se com interesse a unidade e a solidez da formação, evitando a demasiada multiplicação das matérias e das aulas, omitindo aquelas questões que ou não têm quase importância nenhuma, ou devem ser remetidas para os estudos académicos superiores.
Especialização sacerdotal
18. Pertence aos Bispos procurar que os jovens aptos pelo seu carácter, virtude e talento, sejam enviados a institutos especiais, Faculdades ou Universidades, para que sejam sacerdotes melhor preparados nas ciências sagradas ou outras que se julguem oportunas, e assim, com maior preparação científica, possam depois satisfazer às várias necessidades do apostolado. De modo algum, porém, se deve negligenciar a sua formação espiritual e pastoral, sobretudo se não são ainda sacerdotes.
VI. FORMAÇÃO ESTRITAMENTE PASTORAL
Necessidade dessa formação
19. A solicitude pastoral que deve informar toda a formação dos alunos (41), pede também que eles sejam instruídos no que respeita especialmente ao sagrado ministério, sobretudo na catequese, na pregação, no culto litúrgico e na administração dos sacramentos, nas obras de caridade, no dever de ir ao encontro dos incrédulos e dos errantes, assim como nos restantes deveres pastorais. Sejam cuidadosamente instruídos na arte da direcção das almas, pela qual possam, primeiro que tudo, formar os filhos da Igreja numa vida cristã consciente e apostólica e levá-los ao cumprimento dos deveres próprios do seu estado. Com igual solicitude saibam ajudar os religiosos e as religiosas a perseverar na graça da própria vocação e a adiantar segundo o espírito dos vários Institutos (42).
Cultivem-se, em geral, nos alunos as convenientes aptidões que mais concorrem para o diálogo com os homens, como é a capacidade de ouvir os outros e de abrir a alma em espírito de caridade nas várias circunstâncias das relações humanas (43).
Conhecimentos pedagógicos, psicológicos e sociológicos
20. Sejam também instruídos no uso dos auxílios que as disciplinas pedagógicas, psicológicas e sociológicas (44) podem prestar, segundo os devidos métodos e as normas da autoridade eclesiástica. Sejam também cuidadosamente informados da maneira de despertar e favorecer a acção apostólica dos leigos (45), e ainda de promover as várias e mais eficazes formas de apostolado. Com espírito verdadeiramente católico, habituem-se a transcender a própria diocese, nação ou rito, e ajudar as necessidades de toda a Igreja, dispostos a pregar o Evangelho em toda a parte (46).
Prática pastoral durante os estudos
21. É necessário que os alunos aprendam a arte de exercer o apostolado não só de maneira teórica, mas também prática, e saibam comportar-se com responsabilidade própria e em colaboração com os outros; para isso, sejam iniciados já durante os estudos e até no tempo de férias, na prática pastoral com exercícios convenientes, que devem ser levados a cabo, de harmonia com a idade dos alunos e circunstâncias dos lugares, segundo o prudente juízo dos Bispos, de forma metódica e sob a orientação de homens peritos em assuntos pastorais, não esquecendo a força superior cios auxílios sobrenaturais (47).
VII. FORMAÇÃO COMPLEMENTAR DEPOIS DOS ESTUDOS
Institutos pastorais, assembleias e exercícios apropriados
22. Devendo a formação sacerdotal ser continuada e completada, mesmo depois de terminado o curso do Seminário, por causa das condições do mundo moderno (48), pertence às Conferências episcopais estabelecer em cada nação os meios mais aptos, como sejam Institutos pastorais em colaboração com paróquias bem escolhidas, assembleias em tempos estabelecidos e exercícios apropriados. Por meio destes auxílios, o clero jovem deverá ser gradualmente introduzido na vida sacerdotal e na actividade apostólica sob o aspecto espiritual, intelectual e pastoral, e renová-las e promovê-las cada vez mais.
CONCLUSÃO
Exortação aos educadores e aos seminaristas
Os Padres deste sagrado Concílio, continuando a obra começada pelo Concílio de Trento, ao mesmo tempo que, esperançados, confiam aos Superiores e professores dos Seminários o encargo de formarem os futuros sacerdotes de Cristo no espírito de renovação promovida por este mesmo Concílio, exortam ardentemente aqueles que se preparam para o ministério sacerdotal a que sintam vivamente que a esperança da Igreja e a salvação das almas lhes está confiada e que, aceitando de ânimo generoso as normas deste decreto, dêem frutos abundantíssimos que permaneçam para sempre.

Vaticano, 28 de Outubro de 1965.
PAPA PAULO VI