domingo, 23 de agosto de 2009

É necessário assumir o pensar e o querer de Cristo, diz Papa


Antes da oração do Ângelus, o Papa Bento XVI, neste domingo, 23, recordou aos fiéis e peregrinos, reunidos no pátio interno da residência pontifícia de verão de Castel Gandolfo, que, desde alguns domingos, a liturgia da Igreja propõe à nossa reflexão o capítulo 6 do Evangelho de João, no qual Jesus se apresenta como o "pão da vida descido do céu", e acrescenta: "quem comer deste pão viverá eternamente. O pão que eu darei é a minha carne para a vida do mundo" (Jo 6, 51).Ao ouvirem essas palavras, os judeus discutiam calorosamente entre si: "Como esse homem pode nos dar a sua carne a comer?". Jesus lhes respondeu: "Se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós".O Papa prosseguiu ressaltando que hoje, 21º domingo do tempo comum, meditamos a parte final desse capítulo, no qual o evangelista descreve a reação dos próprios discípulos, escandalizados pelas palavras do Senhor, a ponto de muitos, após tê-lo seguido, exclamarem: "Essa palavra é dura! Quem pode escutá-la?".E a partir daquele momento, "muitos dos seus discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele". Bento XVI frisou que Jesus, porém, não atenuou as suas afirmações, aliás, se dirigiu diretamente aos Doze dizendo: "Não quereis também vós partir?".Essa pergunta provocativa não é dirigida somente aos ouvintes daquela época, mas alcança os fiéis e os homens de todas as épocas, observou o Papa, acrescentando que também hoje não poucos ficam "escandalizados diante do paradoxo da fé cristã."O ensinamento de Jesus parece 'duro' muito difícil de ser acolhido e de ser colocado em prática. Há então quem rejeita e abandona Cristo. Há quem procura adequar a sua palavra às modas dos tempos, desvirtuando o seu sentido e valor", acrescentou o Pontífice."Não quereis também vós partir?": essa inquietante provocação ressoa em nosso coração e espera de cada um de nós uma resposta pessoal. De fato, Jesus não se contenta com uma pertença superficial e formal, não lhe é suficiente uma primeira e entusiasta adesão. Pelo contrário, é necessário tomar parte para toda a vida "de seu pensar e de seu querer".Bento XVI observou que seguir Jesus enche o coração de alegria e dá sentido pleno à nossa existência, mas comporta dificuldade e renúncias porque muitas vezes se deve andar contra a corrente. O Papa ressaltou que Pedro responde, em nome dos apóstolos, à pergunta de Jesus, dizendo: "Senhor, a quem iremos? Tu tens palavras de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus"."Também nós podemos, queremos repetir neste momento a resposta de Pedro, conscientes, certamente, da nossa fragilidade humana, mas confiantes na potência do Espírito Santo, que se expressa e se manifesta na comunhão com Jesus", declarou.Bento XVI recordou que a fé é dom de Deus ao homem e é, ao mesmo tempo, livre e total entrega do homem a Deus. A fé é a dócil escuta da Palavra do Senhor, que é "lâmpada" para os nossos passos e "luz" em nosso caminho (cf. Salmo 119, 105)."Se abrirmos com confiança o coração a Cristo, se nos deixarmos conquistar por Ele, poderemos também nós experimentar, junto ao Santo Cura d'Ars, que a 'nossa única felicidade aqui nesta terra é amar a Deus e saber que Ele nos ama'".

Encontro para a amizade entre os povos
Após a oração mariana, o Papa ressaltou que foi aberta neste domingo, em Rimini, centro-norte da Itália, a 30ª edição do "Encontro para a amizade entre os povos", que este ano tem como tema "O conhecimento é sempre um acontecimento".Ao dirigir uma saudação a todos os participantes do encontro, Bento XVI fez votos de que este seja uma ocasião propícia para compreender que "conhecer não é um ato apenas material, porque, em cada conhecimento e em cada ato de amor, a alma do homem experimenta um "extra" que se assemelha muito a um dom recebido, a uma altura para a qual nos sentimos atraídos" (Carta encíclica Caritas in veritate, nº77).Após saudar, em várias línguas, os diversos grupos de fiéis e peregrinos presentes e os que acompanhavam a oração mariana pelo rádio e pela televisão, o Santo Padre concedeu a todos a sua bênção apostólica.

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