sábado, 7 de fevereiro de 2009

Dom Helder : cem anos !








Há pessoas que são lembradas em datas significativas de sua vida, por seu valor e sua contribuição à edificação do bem, no seu tempo e no seu meio. Dom Helder Câmara é sempre lembrado, com merecida reverência, porque conquistou um lugar na história, graças ao legado de sua vida, de sua ação pastoral e de seus escritos. O centenário de seu nascimento, no dia 7 de fevereiro de 2009, é comemorado no Brasil e em outros países; sua memória é celebrada na Igreja, portanto, além das fronteiras locais. Nasceu em Fortaleza – CE, no dia 7 de fevereiro de 1909, falecendo em Recife, como Arcebispo Emérito de Olinda e Recife, no dia 27 de agosto de 1999. Sua existência não se esgota no tempo; o centenário de seu nascimento fala aos seus contemporâneos e aos que o conhecem por outras vias. Não se trata de uma comemoração que apenas resgata a sua história, embora tenha também essa face; antes, é uma celebração com o sentido de Ação de Graças a Deus pelo dom de sua existência.
Como sacerdote e bispo, interpelado pela missão, teve seu coração sintonizado com a Igreja; comprometido com a cidadania, seu olhar voltou-se para a sociedade. Isso está revelado em sua prática pastoral e registrado em seus escritos. Obviamente, a comemoração do centenário de Dom Helder não tem caráter de unanimidade que, por sinal, não se encontra na biografia de nenhum mortal. Assim sendo, a Igreja e a sociedade fizeram uma leitura divergente sobre Dom Helder e seu ministério pastoral; esse fenômeno se manifestou no reconhecimento e rejeição de segmentos domésticos na fé, na admiração e oposição de grupos da sociedade e na hostilidade e perseguição de lideranças políticas; são conhecidos fatos e personagens nessa linha de admiração, rejeição e perseguição ao Pastor da Paz, em sua Arquidiocese e no País.
Em qualquer situação, revelou coerência entre a palavra e a ação. Seu amor à Igreja é uma marca distintiva de sua vida de sacerdote e bispo. Com atuação estratégica em contextos concretos, tinha um olhar filial em relação à Igreja Católica. A filosofia escolástica, a teologia tridentina e a eclesiologia hierárquica dos tempos de sua formação no Seminário não foram obstáculos para a percepção de horizontes novos no campo doutrinário e pastoral. Com sua personalidade irrequieta, jamais afeita à acomodação, de sua mente de sacerdote e bispo surgiram empreendimentos inovadores e iniciativas criativas. Nesse sentido, com seu protagonismo, contribuiu para a criação de organismos importantes na vida da Igreja, como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e as Conferências Gerais do Episcopado Latino-Americano, neles exercendo funções e atividades destacadas. Teve peculiar atuação e relevante participação no Concilio Vaticano II, conforme teólogos e historiadores. Conhecedor atento da realidade local, regional, nacional e internacional, não se comportou como expectador indiferente ante o retrato da humanidade marcada por uma inaceitável desigualdade, decorrente de injustas políticas econômicas e sociais, geradoras da concentração de riqueza em continentes e nações. Sua palavra teve o tom profético da veemente denúncia dessas iniqüidades e do anúncio iluminador de tempos novos sem fome e violência.
No centenário de nascimento de Dom Helder Câmara, por certo, muitos se perguntam: “Quem é ele, para que possamos louvá-lo?” (Eclo 31,9). O Regional Nordeste 2, a Arquidiocese de Olinda e Recife, a Universidade Católica de Pernambuco e o Instituto Dom Helder Câmara (IDHeC) oferecem sua contribuição aos que procuram conhecer melhor o Pastor da Paz, ao coordenarem a programação comemorativa, interessados na preservação de sua memória, inscrita na mente e no coração de ovelhas de seu rebanho, de fiéis de outras confissões e de pessoas sem identificação religiosa. Dom Genival Saraiva de França

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