domingo, 11 de outubro de 2009

Celebrando Nossa Rainha e Padroeira


Basílica Nova
Matriz - Basílica ( Basílica Velha )


A Mãe de Jesus merece dos cristãos um carinho especial e a devoção por ela se manifesta em todos os lugares, venerada sob os mais diferentes títulos e em muitas igrejas – desde modestas capelas a imponentes santuários. No Brasil, ela é venerada como Nossa Senhora da Conceição Aparecida, devoção com quase trezentos anos, que se iniciou em 1717, quando três pescadores encontraram sua imagem no Rio Paraíba do Sul. Ela foi proclamada pelo Papa Pio XI, em 17 de julho de 1930, Padroeira do Brasil. A história dessa devoção iniciou-se na segunda quinzena de outubro de 1717. No Porto Itaguaçu, no rio Paraíba do Sul, três pescadores encontraram o corpo de uma imagem de Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça; lançada novamente a rede, foi encontrada a cabeça da mesma imagem. Os pescadores – Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves – viram nesse fato um sinal de Deus, devido à pesca abundante que se seguiu. A imagem foi colocada, no aconchego de um lar humilde, sobre um altar de paus, e o povo se reunia diante dela para rezar o terço e outras orações. Era a casa de Filipe, o mais velho dos pescadores, que conservou a imagem em sua casa por 15 anos. Seu filho Atanásio construiu um pequeno oratório onde as famílias vizinhas se reuniam para rezar. Foi o início de uma devoção que depois se tornaria o maior movimento religioso do país, a devoção à Mãe de Deus, sob o título Nossa Senhora da Conceição, que depois viria a ser conhecida com o acréscimo “Aparecida”, dada a maneira como “apareceu”. Mais tarde, a imagem foi transferida para uma capela primitiva, construída no Porto Itaguaçu, marcando o local onde ela foi encontrada. Depois de peregrinar por diversas casas, em 1745 foi levada para uma capela maior. O culto já recebe a aprovação oficial da Igreja. Construída no alto do Morro dos Coqueiros, essa nova igreja, no dia 25 de julho, recebeu a imagem de Maria, levada pelo povo em procissão. No dia seguinte, a capela era abençoada e oficialmente inaugurada. Foi a primeira igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Nasciam, assim, o santuário e as bases do povoado de Aparecida. Em 1760, a capela foi reformada e recebeu a segunda torre.

Maior santuário mariano

O número de fiéis que visitavam o local aumentava sempre. Por isso, a igreja foi ampliada e recebeu altares artísticos. Em 24 de junho de 1888, a nova igreja era entregue aos seus devotos. Em 1893, recebeu o título de Santuário Episcopal e, em 1908, o Papa São Pio X lhe deu o título de Basílica Menor.Finalmente em 1928, a vila que se formou ao redor da capela foi emancipada de Guaratinguetá, tornando-se uma nova cidade, Aparecida do Norte.Aparecida torna-se a “capital mariana do Brasil”. A primeira basílica ficou pequena, por isso era necessária a construção de outro templo, bem maior, que pudesse acomodar tantos romeiros. O lançamento da pedra fundamental da nova basílica deu-se no dia 10 de setembro de 1946, mas o início efetivo da construção ocorreu em 11 de novembro de 1955. Com projeto do arquiteto Benedito Calixto de Jesus Neto, a basílica tem a forma de uma cruz grega, com capacidade para abrigar 45 mil peregrinos.Em 4 de julho de 1980, na primeira visita ao Brasil, o Papa João Paulo II celebrou a cerimônia de consagração da nova igreja, embora inacabada, e recebeu o título de Basílica Menor. Em 1984, a CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil declarou-a oficialmente Santuário Nacional.As atividades religiosas no Santuário, em definitivo, passaram a ser realizadas a partir de 3 de outubro de 1982, quando aconteceu a transladação da imagem da antiga basílica para a nova.O Santuário Nacional é considerado o centro da fé católica no Brasil, recebendo anualmente mais de 7 milhões de fiéis peregrinos. É o maior centro de peregrinação religiosa da América Latina, o maior santuário mariano do mundo, imenso em sua pujante e bela arquitetura, que reflete a grandiosidade do amor e devoção dos brasileiros por sua rainha e padroeira.

A imagem encontrada

A imagem de Nossa Senhora encontrada era pequenina, de terracota, isto é, argila que, depois de modelada, é cozida em forno apropriado, medindo 39 centímetros de altura, incluindo o pedestal. Quando foi pescada, estava, muito provavelmente, sem as cores originais devido aos anos em que esteve mergulhada nas águas e no lodo do rio. Seu estilo é seiscentista, como atestam alguns especialistas. Ainda conforme estudos dos peritos, a imagem foi moldada com argila paulista da região de Santana do Parnaíba, situada na Grande São Paulo.A cor acanelada com que hoje é conhecida deve-se ao fato de ter sido exposta, durante anos ao calor das chamas das velas e dos candeeiros. A partir de 8 de setembro de 1904, quando foi coroada, a imagem passou a usar oficialmente a coroa e o manto azul-marinho, ofertados pela Princesa Isabela.No dia 16 de maio de 1978, a imagem de Nossa Senhora Aparecida foi alvo de um atentado que a reduziu em 165 pedaços. Mas foi totalmente reconstituída graças ao trabalho competente da artista plástica Maria Helena Chartuni, na época restauradora do Museu de Arte de São Paulo.

Outras datas significativas

Em 1904, o Papa Pio X, traduzindo o sentimento do povo e atendendo ao pedido de Dom Joaquim Arcoverde, feito em nome do episcopado brasileiro, autorizou, como era usual na Igreja para imagens e quadros insignes, a coroação solene da imagem de Nossa Senhora Aparecida. No dia 8 de setembro daquele ano, Dom José de Camargo Barros, Bispo de São Paulo, coroou solenemente a imagem de Nossa Senhora com a coroa doada pela Princesa Isabel.

PADROEIRA - No dia 17 de julho de 1930, o Papa Pio XI, atendendo ao pedido dos bispos brasileiros, assinou o Decreto de Proclamação de Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil.Em 1931, no dia 16 de julho, na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, o presidente Getúlio Vargas, acompanhado de todo o seu ministério, autoridades diplomáticas, civis, militares e eclesiásticas e de uma grande multidão de fiéis, comemoraram solenemente Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil.

ROSA DE OURO - Em agosto de 1967, o Cardeal Amleto Giovanni Cicognani entregava ao Santuário uma Rosa de Ouro, confeccionada pelo artista plástico Mário de Marchis, com um recado do Papa Paulo VI: “Dizei a todos os brasileiros, Senhor Cardeal, que esta flor é a expressão mais espontânea do afeto que temos por esse grande povo, que nasceu sob o signo da Cruz. No Santuário de Nossa Senhora Aparecida, ela dará testemunho de nossa constante oração à Virgem Santíssima para que interceda junto de seu Filho pelo progresso espiritual e material do Brasil”. Em 15 de agosto, o Legado Pontifício, no interior da nova basílica, entregou ao Cardeal Motta a oferta do papa. Era um presente de aniversário pelos 250 anos do encontro da imagem da Senhora Aparecida no Rio Paraíba do Sul.
NOVA COROA - No dia 8 de setembro de 2004, o Santuário Nacional de Aparecida viveu uma grande celebração, comemorando os 150 anos de proclamação do dogma da Imaculada Conceição e os 100 anos da coroação de Nossa Senhora Aparecida. Nessa celebração, a imagem da Padroeira do Brasil recebeu uma nova coroa, confeccionada em ouro e pedras preciosas. A coroa foi desenvolvida pela “designer” mineira Lena Garrido, em parceria com Débora Camisasca, que venceram o “Concurso Nacional para o Centenário da Coroação de Nossa Senhora Aparecida”. Ela foi confeccionada em ouro e pedras preciosas, em projeto financiado pela Ajoresp – Associação dos Joalheiros e Relojoeiros do Noroeste Paulista.A antiga coroa, doada pela Princesa Isabel, foi restaurada e é conservada no Museu do Santuário, sendo utilizada apenas em ocasiões especiais.

Entre os devotos, a família real

A história em torno da devoção nacional a Nossa Senhora Aparecida inclui até a família real brasileira. No dia 20 de agosto de 1822, o príncipe Dom Pedro I foi rezar na antiga capela de Nossa Senhora Aparecida, para ter sucesso na solução de problemas políticos que, poucos dias depois, desaguariam na proclamação da Independência. O imperador Dom Pedro II e a imperatriz D. Teresa Cristina estiveram em 1843 e em 1865 na capela de Aparecida, para rezar diante da imagem. Também a Princesa Isabel lá esteve com seu marido, o Conde D’Eu, em 1868, para pedir a graça de um herdeiro para o trono. Naquela ocasião, doou à imagem de Nossa Senhora Aparecida um riquíssimo manto azul-marinho, simbolizando o céu estrelado brasileiro, enfeitado com 21 brilhantes, representando as 20 províncias do império e a capital. Em 1884, a princesa voltou a Aparecida para agradecer a Nossa Senhora os benefícios recebidos, acompanhada do marido e de seus três filhos, os príncipes Pedro, Luís e Antônio. Desta vez, ela levou para a imagem uma belíssima coroa de ouro, cravejada de brilhantes (24 maiores e 16 menores) que serviu, em 1904, para a coroação solene da imagem.

Pontos de peregrinação

Os romeiros que vão a Aparecida, além de rezar no Santuário Nacional, costumam visitar outros pontos de peregrinação que a cidade oferece. Um deles é o Porto Itaguaçu, localizado próximo a uma curva do Rio Paraíba, considerado como o ponto inicial da devoção dos brasileiros a Nossa Senhora Aparecida. Foi ali que os três pescadores encontraram sua imagem.Nas proximidades do porto existiu uma pequena capela, que por algum tempo abrigou a imagem de Maria. Hoje, no local, ergue-se uma moderna capela, perpetuando o histórico aparecimento.

MORRO DO CRUZEIRO – É outro um local de peregrinação, que oferece bela vista da cidade. Na década de 40, foi inaugurada uma Via Sacra com 14 capelinhas, localizadas ao longo do caminho que dá acesso ao topo do morro. Difícil é a romaria que depois de ter participado de celebrações na basílica não visite o “Morro do Cruzeiro”. O local passou por uma reforma completa que começou em 1999. O piso recebeu asfalto, as encostas do morro foram arborizadas, o trajeto ganhou sinalização, som e nova iluminação. O projeto arquitetônico é de Cláudio Pastro, e o paisagismo de Gustaas Henricos Winters. As estações da Via-Sacra também foram refeitas. O artista plástico Adélio Sarro Sobrinho, de São Bernardo do Campo, reconhecido internacionalmente, construiu os painéis que narram a paixão e morte de Jesus Cristo

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