Para a Igreja no Brasil, setembro é o Mês da Bíblia. A origem dessa comemoração remonta ao ano de 1947, quando a Liga de Estudos Bíblicos organizou a 1ª Semana Bíblica Nacional. Uma proposta dessa Semana foi a instituição do Dia da Bíblia, celebrado no último domingo de setembro, próximo da festa de São Jerônimo (dia 30), responsável pela tradução da Bíblia para o latim, edição conhecida como Vulgata. A celebração desse dia foi crescendo em importância na vida da Igreja. Com o passar dos anos passou-se para a Semana da Bíblia e, a partir de 1971, setembro passou a ser o Mês da Bíblia, celebrado como um tempo especial para nos conscientizar mais ainda sobre seu valor.
A Bíblia é o livro mais importante dos cristãos. Nela se fundamentam os valores e os princípios que norteiam nossa vida. Nela encontramos a revelação de Deus Pai a transmitir a seus filhos os ensinamentos para a plena realização. Por isso ela ocupa um lugar especial nas nossas comunidades.
A Bíblia é o livro mais importante dos cristãos. Nela se fundamentam os valores e os princípios que norteiam nossa vida. Nela encontramos a revelação de Deus Pai a transmitir a seus filhos os ensinamentos para a plena realização. Por isso ela ocupa um lugar especial nas nossas comunidades.
Livro da fé por excelência
Ela é a “Palavra de Deus escrita na linguagem dos homens”. É a revelação do projeto de amor que Deus tem para seus filhos. É o livro da fé por excelência, a base de toda a doutrina cristã. Dividida em duas grandes partes – o Antigo e o Novo Testamentos – tem como centro a pessoa de Jesus Cristo. Por isso, o filósofo Hugo de São Vito dizia que “toda a Sagrada Escritura fala de Cristo e encontra sua plenitude em Cristo, porque forma um único livro, o livro da vida, que é Cristo.” E São Jerônimo ensina que “ignorar as Escrituras Sagradas é ignorar a Cristo”. O Antigo Testamento relata a experiência religiosa do povo hebreu, preparando-se para a vinda do Messias prometido; no início os relatos eram orais e só mais tarde, a partir do século 10º a. C., passaram a ser registrados por escrito. O Novo Testamento, escrito nos séculos 1º e 2º d.C, mostra a vida e os ensinamentos de Jesus de Nazaré e a experiência das primeiras comunidades na vivência desses ensinamentos. Toda a Bíblia quer revelar o projeto de Deus: a libertação integral dos homens. Mostra um Deus que se preocupa com seu povo, libertando-o da escravidão do Egito; que busca a justiça dos pobres e excluídos; que não quer a morte mas o arrependimento e a vida do pecador. Mostra um Deus que deseja que todos tenham vida e a tenham em plenitude.
Deus é o autor da Bíblia
Inspirada por Deus, a Bíblia foi escrita por autores diversos, em épocas diferentes. Os hagiógrafos (autores sagrados) procuraram transmitir a mensagem divina mas com a linguagem e a cosmovisão de sua época. Por isso não se pode lê-la com espírito fundamentalista, interpretando tudo literalmente, mas sabendo ver na linguagem humana as verdades divinas.Também são diversos os gêneros literários: celebrações, histórias reais ou lendárias, leis, poesias, orações, provérbios, sabedoria popular, ensinamentos, essa grande variedade, como um grande caleidoscópio, forma a riqueza da Bíblia. Mas em toda essa obra humana, reconhecemos também a autoria de Deus, pois o apóstolo Pedro nos ensina que “homens inspirados pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus.” (2Pd 1, 20-21)O Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática “Dei Verbum”, ressalta que Deus é o autor principal de toda a Bíblia, mas Ele se serviu de homens para concretizar seu plano: “Na redação dos livros sagrados, Deus escolheu homens, dos quais se serviu fazendo-os usar suas próprias faculdades e capacidades, a fim de que, agindo Ele próprio neles e por eles, escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que Ele próprio quisesse.” (DV, 11)Por isso, quando lemos a Bíblia, é o próprio Deus que através dela entra em contato conosco, para nos comunicar sua vida. Essa certeza levou Santo Ambrósio a exclamar: “Ainda agora Deus passeia pelo paraíso quando leio as Escrituras”.
Viver e comunicar a Palavra divina
Somos convidados a ler, entender, viver e comunicar essa palavra, vendo nela a carta de amor que Deus escreveu para nós. Como nos adverte São Gregório Magno, “a Bíblia é a carta de amor de nosso Pai, e nós a deixamos fechada no envelope.”É importante que busquemos na Palavra de Deus nosso sustento espiritual. Em todas as celebrações ela está presente, mas é necessário que esteja também no nosso dia-a-dia, ensinando, corrigindo, como nos lembra o Apóstolo Paulo em sua segunda carta a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, repreender, corrigir, educar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito, qualificado para qualquer boa obra.” (2Tm 3, 16- 17)Que a Bíblia seja o livro especial dentro dos nossos lares e das nossas comunidades, a iluminar nossa vida e nossa caminhada. Mostremos por ela o mesmo amor que temos por Deus, recordando as palavras de Santo Agostinho: “Beijar a Bíblia é beijar o rosto de Deus.”
A Bíblia mostra o ponto de partida
“Muitos cristãos lêem a Bíblia como um livro de receitas que teria solução para todos os problemas da vida. E ficam frustrados quando descobrem que a Bíblia não dá solução para tudo. Por exemplo, a Bíblia não diz nada diretamente sobre como devemos votar, pois na época do povo da Bíblia não havia eleições democráticas para cargos públicos. Diante dos problemas da vida atual não adianta buscar solução pronta na Bíblia. Ele diz apenas qual o ponto de partida que o povo deve tomar. Quanto ao resto, o povo tem que refletir e decidir.Outro perigo é o do fundamentalismo: interpretar a o texto sagrado ao pé da letra, sem levar em conta o que o texto diz por trás das palavras. Costuma levar ao fanatismo e à intolerância. “Se o teu olho leva você a pecar, arranque-o e jogue-o fora.” (Mt. 5, 29) – não poucas pessoas leram isso ao pé da letra... e Jesus falava em linguagem simbólica. A Bíblia é a Palavra de Deus quando é aberta, lida, meditada e praticada. Quando, porém, fica fechada num canto ou é lida de modo errado, deixa de comunicar a verdade e pode se tornar instrumento de opressão.” (Maria Paula Rodrigues)
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